A Sabesp foi privatizada em julho deste ano, depois da venda de 32% das 50,3% ações detidas pelo Estado. A nova gestão assumiu em outubro e as mudanças já começaram.
Já na primeira quinzena de novembro, por exemplo, a imprensa noticiou que a companhia decidiu romper os contratos com seus maiores clientes, pois esses acordos ofereciam descontos nas tarifas de grandes consumidores de água. Para tanto, a empresa lançou mão de uma cláusula que previa a possibilidade de rompimento unilateral nesses contratos, chamados de demanda firme.
Esses contratos ofereciam descontos na tarifa de água e saneamento para grandes clientes comerciais, com consumo mínimo de 100 m3 por mês. Algumas empresas alegam que foram pegas de surpresa pela notificação e alguns cálculos prévios dão conta de um impacto de cerca de 200% nos gastos com gestão de água e esgoto já a partir do início de 2025.
Shopping centers, indústrias e supermercados estão entre as empresas mais prejudicadas com essa decisão. Algumas, segundo a imprensa, pretendem até mesmo buscar a justiça para repactuar os termos.
Como diminuir o prejuízo?
Depois do primeiro impacto da notícia, as empresas agora buscam saídas para diminuir os prejuízos que a medida unilateral deve causar. “O monitoramento hídrico on-line, feito com a ajuda da automação, é uma forma de racionalizar o consumo”, afirma Guilherme Martins, diretor da Hidrometric, empresa especializada nesse tipo de monitoramento.
“Entretanto, não basta monitorar, é fundamental saber interpretar os dados e aplicá-los ao contexto de cada empresa, de forma personalizada”, alerta. Para isso, a Hidrometric conta com uma equipe de analistas de dados que oferecem suporte aos clientes para encontrar saídas e tomar decisões que, de fato, beneficiem as empresas e seus clientes.
Isso porque, com o uso da tecnologia de automação e IoT, o monitoramento pode reduzir o desperdício já que aponta, em tempo real, anomalias no padrão de consumo. Por exemplo, em 2022, um levantamento mostrou que a taxa média de desperdício de água no Brasil é de 35%. “Com esta decisão da Sabesp, para além da preocupação com um recurso tão importante e escasso, como é a água, monitorar passa a ser ainda mais fundamental. Afinal, o impacto com o fim dos descontos pode prejudicar a saúde financeira das empresas”, conclui Martins.